quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Ideias para recuperar a Escola Pública – Opção 1: Certificação de escolaridade.

Sócrates fez, claramente, a sua opção pela certificação. Daí o sucesso estatístico.
Embora o Governo não o admita, a consequência foi que o conhecimento e a qualidade das aprendizagens foram muitas vezes atirados para os arquivos mortos das escolas.
Os professores tiveram (mais uma vez) que se adaptar a uma nova situação em que, pelo meio dos malabarismos de entretenimento, tentavam ensinar alguma coisa.
Os alunos perceberam rapidamente que a escola era um lugar onde tinham de estar a qualquer custo, mas que, em troca, não lhes exigia grandes esforços para obter sucesso.
Os pais encontraram uma forma de sacudir as suas responsabilidades. Os deveres de estar, de vigiar, enfim, de educar, foram passados para a escola. E, no final, se as coisas não corressem bem, estariam sempre em posição privilegiada para atirar à escola todas as pedras e pedregulhos que sublimariam os seus recalcamentos provenientes dos lapsos e ausências no assumir dos seus deveres, não de progenitores, mas de pais.
Paralelamente, o ensino privado registou forte crescimento nestes anos de Governo PS. Rapidamente, foi perceptível para muitos Encarregados de Educação que tinha chegado o momento de investir financeiramente na instrução dos filhos. Tal aconteceu, basicamente, não porque a qualidade dos profissionais do ensino privado fosse melhor do que a dos seus pares do ensino público, mas porque os pressupostos passaram a ser totalmente diferentes. Nas escolas do ensino privado que comandam os rankings pretende-se, fundamentalmente, ensinar. Quem lá é aluno está para aprender. Em grande parte das escolas públicas estas prioridades foram ultrapassadas por outras no sentido de garantir, por todos os meios, os índices de escolaridade e de abandono definidos.
Esta opção desenfreada da Escola Pública pela certificação de escolaridade não começou com o actual Governo. Vem já de há alguns anos atrás, sejamos justos. Começou, talvez, no tempo em que a Dra. Ana Benavente (XIII Governo Constitucional – 1995-1999) era Secretária de Estado. Agora, o que é também verdade é que o Governo Sócrates assumiu inteiramente esta bandeira e foi o que mais fez para que os resultados aparecessem. Ao mesmo tempo que impunha sobre os professores um clima de pressão psicológica para o sucesso, retocou o que já estava feito em termos de avaliação interna, acabou com as reprovações por faltas e baixou decisivamente o nível de exigência da avaliação externa.
Não contente com isso, este Governo assumiu até a necessidade de certificar a escolaridade daqueles que não a tinham conseguido, anteriormente, na escola. As “Novas Oportunidades” vieram demonstrar que a certificação de escolaridade é possível mesmo que não esteja associada a conhecimento científico.
Em conclusão, à pergunta “Que pretende o país da Escola Pública?” a última década de governação, com particular ênfase no Governo Sócrates, deu como resposta “pretende-se certificação de escolaridade”.

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