terça-feira, 18 de setembro de 2012

Dead end!

Chega a ser ridículo pensar como tão facilmente chegamos a um beco sem saída.
Sim, parece-me que ultrapassamos a linha do no return
Um no return para a coligação que (ainda) nos governa.
O que foi dito em público pelo Primeiro Ministro e por Paulo Portas ultrapassou todos os limites imagináveis. O "tudo fazer para levar a bom porto esta coligação" rapidamente desmoronou naquilo que os políticos melhor sabem fazer: esquecer o essencial do seu propósito, isto é, servir o País e os seus cidadãos.
Se é certo que, com excepção de Vitor Gaspar, ninguém acredita na medida da TSU, também é verdade que não se compreende o que andava Paulo Portas a fazer quando ela estava a ser discutida no interior do Governo.  Talvez a preparar aquela viagem ao Brasil por ocasião da 6ª-feira em que Passos Coelho falava ao país. E é admissível o "suspense" até ao Conselho Nacional do CDS? E é admissível dizer que a culpa é do outro? Alertou mas não bloqueou porque isso levaria a que as negociações com a troika dessem para o torto. Então Vitor Gaspar deve ter alguma razão para ter inventado esta experiência da TSU!
A posição de Portas tem um nome: salvar a face ou, talvez neste caso, minimizar os danos.

Pelo meio, assistimos a um grande ajustar de contas. Manuela Ferreira Leite não perdeu a oportunidade. Quem com ferros mata, com ferros morre! A senhora não esqueceu as cicatrizes que tem nas costas e aproveitou para algumas estocadas verdadeiramente inimagináveis! Uma ex-presidente de um partido a apelar à quebra do sentido de voto dos Deputados. Então Dra. Manuela, a senhora não sabe que o Deputado é um mero braço no ar de obediência ao seu partido? Também não era assim no seu tempo?

Do outro lado da barricada começa a cheirar a poder outra vez. Disse, Seguro, que votaria contra e que até uma moção de censura apresentaria. E até apareceu zangado pois o Passos não o consultava, só se limitava a dar-lhe as notícias em cima da hora. Já se esqueceu que o Sócrates nem ao Aníbal passava cavaco. Tenho esperança que passe agora mais tempo a ver os comentários do Marcelo. Talvez aprenda qualquer coisinha!

Triste cenário este!
E que remédio para ele?
De repente, olham todos para Cavaco. Do homem que "raramente tem dúvidas e nunca se engana" espera-se solução para esta salsada. 
É, no mínimo, irónico este apelo salvador a Cavaco por gente de todos os quadrantes.
Por motivos diferentes, é claro.
Uns querem que ele ponha a marca de "inconstitucional" na coisa.
Outros esperam que ele lhes dê oportunidade para irem, já, para o Governo.
Outros ainda querem que ele dê uma vassourada no Passos (e no Portas e no Vitor e no Relvas ...).
E há ainda aqueles que acham que é agora que Cavaco vai tornar realidade um sonho de criança: o bloco central!
E também não esqueço aqueles que vêem aqui a oportunidade para manterem as suas fundações e os seus monopólios na comunicação social. Sim, isto também tem a ver com a RTP. É curioso ver como passaram a comentar os comentadores da nossa praça desde que perceberam que não se viam livres do Relvas enquanto a RTP não fosse privatizada.

Bem, mas então que solução tem isto?
A meu ver há duas hipóteses. Ou demite o Governo ou não demite. Não é difícil prever que não vai demitir. Cavaco acredita na estabilidade e a troika não está para estas brincadeiras de eleições.
Vai manter o Governo em funções, mas vai colocar condições.
Em primeiro lugar, vai obrigar Passos e Portas a fingir que se entendem. Afinal ele, que é Cavaco, conseguiu fingir tanto tempo que se entendia com o Sócrates. E os tempos em que tudo aguentou de Soares, até as presidências abertas! Basta, pois, que sigam o seu exemplo.
Depois vai obrigar Gaspar a inventar qualquer coisa para que a TSU caia rapidamente no esquecimento. Talvez até lhe dê a receita de como o fazer. Mas não se iludam. Continua a ser necessário compensar os subsídios "repostos" pelo Tribunal Constitucional, ou seja, vai ter de existir aumento de impostos e para o mesmo "mexilhão".
Vai dar um tempo a Passos para este salvar a face, isto é, um tempinho até que Gaspar precise de férias e aproveite a ocasião para levar o Álvaro e o Relvas consigo (o "consigo" é só uma força de expressão). Uns meses antes das autárquicas será um bom timing!
E como é que vai obrigar Passos e Portas a fazer isto?
Simples. Basta acenar-lhes com o Governo de iniciativa presidencial (que Cavaco não quer, mas que em último recurso usará para garantir o auxílio económico a Portugal). Não é à toa que António Capucho puxou o assunto para a mesa e há muita gente no PSD e no PS (o Seguro que se cuide) que estará prontinha para avançar!

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