segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Obviamente mais impostos

Depois de duas semanas de alvoroço chegou a hora da realidade. A mesma de sempre. Que temos de pagar o que devemos, que isso é muito dinheiro e que vai continuar a sair do bolso do "mexilhão".
Em síntese, é isto que fica destas duas semanas.

Com excepção de Mário Soares (que deve ter necessitado daquele tempo para tratar das suas fundações), foi isto que os membros do Conselho de Estado perceberam e interiorizaram na passada 6ª-feira. Aliás a reunião do Conselho foi um mero formalismo que teve de ser cumprido. Horas antes, já Cavaco explicava  o que iria acontecer, com toda a clareza:
- Que a TSU passava à história.
- Que era bom que o PS não se esquecesse da ruína em que deixou o País e que por isso foi Sócrates e não Passos que chamou a troika.
- Que era preciso ouvir o povo e que, por isso e para o acalmar, exigia-se equidade na distribuição dos sacrifícios.
- Que a estabilidade governativa era decisiva para continuarmos a receber dinheiro lá de fora (está para chegar aí uma "tranche" e com esta brincadeira das discórdias ela poderia estar em causa).

Estas duas semanas foram marcadas por muitas declarações, comentários e manifestações.
As manifestações traduziram o estado de alma deste povo. Retirando os manifestantes militantes, sobraram milhares de portugueses que, perante a angústia do presente e a escuridão do futuro, fizeram ouvir a sua voz. Fica a questão de se saber se isso resolveu alguma coisa. Alguns rejubilam pela queda da TSU. Mas o que aí vem em impostos não será melhor. Só espero é que seja mais equitativo.
Quanto aos comentários, acho que merece a pena reflectir sobre dois deles.
O primeiro foi o de Marques Mendes (já depois do Conselho de Estado) quando disse que ainda temos muito que penar. Desenganem-se aqueles que acham que a austeridade está a terminar. Talvez ainda ela seja apenas uma criança.
O segundo foi o do Bispo do Porto, D. Manuel Clemente (antes do Conselho de Estado). Confesso que nem sempre aprecio as suas intervenções públicas ou até a oportunidade das mesmas. Mas neste caso, acho que foi ele que disse coisas com mais sentido. Disse, de uma forma simples, uma coisa que todos precisamos de saber: quanto é que temos de pagar e quando, isto é, pediu aos governantes que nos apresentassem com clareza e verdade o cenário deste país. É que esta visão continua a faltar. Não entendemos a TSU pois ela nem era para diminuir o défice. Mas então não havia défice? E agora os impostos a mais que vamos pagar são para esse mesmo défice? E valem quanto? Dois mil milhões? Quatro mil milhões? Mais?
Mais do que a austeridade, é esta falta de verdade que o povo não engole!

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