domingo, 16 de junho de 2013

Sim, amanhã farei greve!

Apesar de difícil, foi uma decisão que já há alguns dia tomei. Que me tem deixado incomodado, é verdade! Mas que é a única que posso tomar.

Farei greve também pelas razões que, formalmente, a fundamentam.
Pergunto:
Se o aumento das 5 horas é só para a componente individual, isto é, se na prática não se vai traduzir em mais trabalho, então porque se aumenta?
Se não haverá professores em regime de "requalificação", então porque é que se cria este regime?
Se tudo isto não acontecerá, se tudo isto não terá efeitos práticos, qual é a razão então que fundamenta a criação de inocuidades? 

Mas farei greve, principalmente, porque quero manifestar o meu desagrado e a minha revolta por tudo aquilo que fizeram (estes e outros) e vão ainda fazer contra a minha dignidade como professor e contra uma escola que, querem, o menos pública possível.
Estou farto de ser apenas despesa, de ser "ajustamento". Como sou funcionário público, sei que não gostam de mim. Para eles devo estar sujeito a tudo, quer isso signifique trabalhar com muitos ou poucos alunos, trabalhar hoje com uma lei, amanhã com outra e até, às vezes, com as duas juntas. Devo estar preparado para leccionar tudo, quer sejam disciplinas da minha área de formação ou não, aqui ou noutro lugar distante. Tenho que saber educar para tudo e para mais alguma coisa. E, no fim, devo proporcionar sucesso educativo.
E devo fazê-lo, sempre, imbuído de um espírito de serviço público e até de missão.
Acho que o tenho feito. A verdade é que preciso de o fazer. Preciso de trabalhar. Tenho quem de mim dependa.
Mas isso não me impede de lhes dizer que também eu não gosto deles. De lhes dizer que também eles foram eleitos para servir. Servir o povo português, entenda-se!
Quanto à escola pública, já o referi aqui diversas vezes, não aceito que ostensivamente se a desvalorize para a tornar comprável (ou, pelo menos, algumas delas), para a tornar negócio para alguns daqueles que hoje a ostracizam.

E os alunos?
Amanhã serão eles os prejudicados. Sim, sem dúvida. Como são sempre que há uma greve. Sim, quando ficam sem aulas em razão de uma greve, também são prejudicados. E quantas já se fizeram!

Então, porquê a greve aos exames?
A resposta já foi dada nestes últimos tempos.
Talvez só assim o País perceba que precisa dos seus professores e da sua escola.

E valerá a pena?
A esta pergunta não sei responder.

Sem comentários: